
Instituições de ensino particular apoiam retorno presencial das aulas
Foto: Gelci Saraiva/Folha de São Borja
Após um período de quase cinco meses com as aulas e atividades presenciais suspensas na rede pública e privada, o governo do Estado voltou a apresentar uma possível data de retorno. Em São Borja, as escolas da rede municipal e estadual têm executado tarefas e acompanhamento remoto durante a pandemia, sendo mantidas as matrículas e com reorganização do calendário letivo. Já na rede privada, as quatro instituições do município, sendo duas de educação infantil, uma de ensino infantil ao fundamental e outra do ensino infantil ao ensino médio, foi necessário uma rápida adaptação para lidar com a situação, além de também enfrentar dificuldades para manter o funcionamento devido à suspensão das aulas.
Segundo a diretora da Escola de Educação Infantil Abracadabra, Eliane Santiago, a escolinha está com metade dos alunos que costumavam ter em tempos normais. “As matrículas caíram muito, estamos com menos da metade dos alunos, pois os pais voltaram a trabalhar e nós continuamos fechados”, afirma. Com o retorno aos postos de trabalho de muitos pais, a diretora acredita que diversas famílias recorrem à babás para deixar os filhos, por se tratar de um serviço mais em conta no orçamento familiar. Trabalhando com uma faixa etária de 0 a cinco anos, a Abracadabra hoje não chega a dez alunos matriculados, conforme explicou Eliane. A diretora afirmou que a escola até chegou a fazer alguma atividade remota, mas nada comparado às ações presenciais. “Pouca coisa mandamos no grupo dos pais pois o objetivo não é só folhinhas em xerox, e sim a interação social para melhor desenvolvimento. Penso que xerox a gente acha em qualquer site e não é esse papel da escola”, conclui.
Outra escolinha que também manteve as atividade de
forma online, foi a Escola de Educação Infantil Brincarte, com as turmas do
Pré-1 e Pré-2, com auxílio da professora. Porém, a nova realidade deixou a
escola praticamente sem muitas opções para seguir trabalhando. Com um
percentual de cancelamento de 85% das matrículas, da faixa etária de 0 a 3
anos, a alternativa foi reduzir custos, o que acabou gerando a demissão de
colaboradores. De um total de 15 funcionários, a escolinha mantém somente
quatro. Outra maneira encontrada foi um desconto para as matrículas que
permaneceram.
A Brincarte já elaborou um plano de contingência para distanciamento,
circulação e higienização, e já está preparada para cumprir os protocolos de
segurança e cuidados sanitários. Mesmo havendo uma divisão entre famílias que
apoiam o retorno presencial e outras não, a pedagoga e diretora da Brincarte,
Lizandra Mezomo, disse que, em contato com os pais referente a um possível
retorno, os familiares estão ansiosos para a retomada, apenas aguardando a
liberação das autoridades para o andamento das atividades presenciais.
“Precisamos do voto de confiança na escola, pois mesmo ficando em casa há
riscos. Entendemos também a situação dos pais, pois seguem trabalhando e
precisam de responsáveis para ficar com as crianças. Neste período, na
impossibilidade do funcionamento das escolas, se torna inviável para o custo
das famílias manter escola e funcionários em casa, devido também, a suas rendas
estarem comprometidas. Os pais priorizam a escola, pois zelam pelo
desenvolvimento integral das crianças nas áreas afetivas, motoras, sociais e
cognitivas. Temos que retornar também e nos adaptar a esta nova realidade”,
afirmou.
Abrangendo outra faixa etária, está o Colégio
Adventista de São Borja, que atende crianças dos 4 aos 14 anos, sendo
pré-escola ao oitavo ano. Segundo o diretor da instituição, Esequiel Bussman, a
maioria das matrículas se mantiveram desde que as aulas presenciais foram
suspensas, com um cancelamento de apenas 4% dos alunos matriculados, a maioria
da faixa etária de 4 a 6 anos. A escola está fazendo uso de uma plataforma
digital, criada pela equipe adventista de tecnologia. Conforme explicou o
diretor, as aulas são feitas de diversas formas e acompanhamento. São
realizadas atividades por áudios, vídeos feitos pelas próprias professoras,
mapas virtuais, powerpoint, explicações em forma de Word e PDF, além de ter um
quadro de aulas virtuais pela plataforma Zoom. Outro recurso utilizado pelo
Adventista, foi um percentual de desconto a pais e famílias de estão com
dificuldades financeiras, como forma de manter o compromisso educacional da
instituição com as famílias e com os estudantes. Mesmo em um cenário complicado,
o colégio não teve demissões durante esse período de suspensão das atividades
presenciais. Sobre um possível retorno, o diretor afirmou que o colégio está
preparado para voltar presencialmente.
” Mesmo com a dificuldade aparente que o retorno deve acrescentar, com os
devidos cuidados estamos preparados, tanto na parte física de distanciamento
social, como na pedagógica para aulas presenciais e a continuidade das aulas
remotas para aqueles alunos que não retornarem às aulas presenciais”, afirma.
O diretor também disse que em conversas com os pais e sobre o que eles pensam a
respeito do assunto, as respostas foram favoráveis às atividades presenciais.
O Colégio sagrado Coração de Jesus, que abrange os
ensinos infantil, fundamental e médio, também mantém as atividades de forma
remota desde março, em conexão com as famílias e alunos por meio de plataformas
digitais, como a UNOi e a Aprimora, estas que são as mais inovadoras e
tecnológicas plataformas para ensino remoto da América Latina. A diretora educacional
Bianca Lul, falou que foi necessário se reinventar diante da situação e
dificuldade que a situação impôs. “Neste ano nossas casas se tornaram
parte da escola. Alunos e professores se reinventaram em novas rotinas de
estudo e trabalho. Superamos os intensos desafios com muitas descobertas
tecnológicas, com esforço nos adaptamos às necessidades de uma educação para os
tempos que vivemos. Nossa educação se manteve com os princípios
gerais da arte de educar. Santa Tereza Verzeri afirmava: “A educação é um
ato de amor”. Com as plataformas virtuais de
aprendizado Unoi e Aprimora nos mantemos conectados e atuantes, por todo esse
período que estamos aprendendo em casa”, afirma Bianca. A diretora também
comentou que a espiritualidade e união da equipe Sagrado com as famílias e
alunos foi essencial para seguir em frente. “As dimensões da
espiritualidade foram desenvolvidas pelo grupo e nos trouxe conforto e
fortalecimento durante os momentos mais críticos em que foi necessário atitudes
de humildade, mansidão e confiança para seguir. Para lidar com as grandes
mudanças o grupo esteve unido. Força de vontade não faltou para se alcançar o
discernimento e autonomia responsável nas nossas aulas virtuais”, conclui.
Sobre o retorno das aulas presenciais, Bianca relatou que o colégio está
seguindo todos os protocolos necessários e aguarda a decisão das autoridades
para a retomada das atividades presenciais.
Retorno das aulas pré-definido
Apoiado pela Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul, a Famurs, o calendário proposto pelo governador Eduardo Leite foi com a volta às aulas previstas a partir de 31 de agosto. A proposta inicial é que a volta às escolas inicie pelo ensino infantil a partir do final do mês, seguido do ensino superior, técnico e só depois os anos finais do ensino fundamental e médio. No entanto, o calendário de retomada gradual para as regiões com bandeiras amarela e laranja dividiu opiniões de pais e comunidade acadêmica.
O Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe-RS) discorda das
entidades que representam professores e vê com bons olhos a proposta de
retomada das aulas presenciais que foi divulgada pelo governo do Estado. No
entanto, o Sinepe afirma que ainda não teve acesso oficial ao projeto, mas que
considera seguros os protocolos criados pelas instituições escolares. O
presidente da entidade, Bruno Eizerick, afirma que a volta das aulas
presenciais é necessária, mas não deveria ter um calendário fixo de retorno dos
estudantes: “Acreditamos que as escolas deveriam ter mais autonomia para
definir quais turmas deveriam voltar às aulas antes, pois as instituições
conhecem melhor a realidade da sua comunidade”, pondera. Já os sindicatos de professores da redes
estadual e privada avaliaram a retomada das aulas como algo
“irresponsável” e “prematuro”, por ocorrer em um momento em
que a pandemia do coronavírus está acentuada no Rio Grande do Sul, e prometem
articulação contra o projeto do Piratini. Ainda segundo o Sinepe, mesmo com o
possível retorno presencial das atividades, as aulas virtuais seguirão
acontecendo até o final do ano.
Cronograma proposto pelo governo do
Estado:
31/8 – Educação Infantil (público e privado)
14/9 – Ensino Superior (público e privado)
21/9 – Ensinos Médio e Técnico (público e privado)
28/9 – Ensino Fundamental – anos finais (público e privado)
8/10 – Ensino Fundamental – anos iniciais (público e privado)
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